Limpeza Social

Tente imaginar nas ruínas do casarão de número 253 as marcas de uma época em que a política de embelezamento gerou uma convulsão popular.

A reforma de Pereira Passos mudou a cara do Rio de Janeiro. Antes conhecida como “Cidade da Morte”, passou a ser a “Cidade Maravilhosa”. Porém, a reforma expulsou moradores de suas casas de forma violenta, derrubou entre 700 e 3 mil prédios e promoveu uma grande valorização do solo na área central, causando enorme gentrificação. Aqueles que moravam em cortiços na zona central foram instados pelo poder público a usar a madeira proveniente das casas derrubadas para construir barracos em alguns morros, como o Morro da Providência. Nasceram assim, através de um decreto da prefeitura, as favelas que ainda hoje marcam a paisagem carioca.

As ações de Pereira Passos completavam o projeto de higienização comandado pelo médico Oswaldo Cruz, diretor do Serviço de Saúde Pública. Oswaldo Cruz instituiu as campanhas contra a febre amarela e a varíola, esta com vacinação obrigatória feita à força por agentes públicos, que invadiam a casa dos moradores. As demolições tiveram início em fevereiro de 1904. Em novembro do mesmo ano, a vacinação obrigatória contra a varíola foi imposta pelo governo federal.

A revolta da população pela maneira como estava sendo “higienizada” e expulsa à força foi tão grande, que levou à revolta da vacina, uma sublevação popular que levou a barricadas, depredação e mortes no centro do Rio.

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