Fundado em 1871, o armazém Docas Pedro II é marco na história brasileira e do movimento negro. O edifício é uma das principais obras do engenheiro e abolicionista negro André Rebouças (1838-1898) e foi o primeiro armazém do Porto do Rio para guardar grãos trazidos pelos navios que atracavam no local. Como se já não bastasse a singularidade de um engenheiro negro naquele tempo, Rebouças fez questão de que nenhum escravizado trabalhasse no projeto, o que era raro à época.
Para a construção, o engenheiro pensou em mecanismos e aparelhos que facilitassem a chegada de mercadorias até o cais de embarque, “que ali sejam elas recebidas por fortes guindastes que as vão depositar imediatamente no convés dos navios, que as devem conduzir aos países mais longínquos”.
O local é ocupado desde 2000 para o Comitê Ação da Cidadania, que utiliza apenas 10% do espaço de 14 mil metros quadrados, para realizar oficinas e seminários. Desde 2014, ocorrem debates sobre como aproveitar melhor o espaço. Ele chegou a ser cotado para um museu dedicado à memória da escravidão.