Uma história inusitada da Força-Tarefa Lava-Jato, que investiga corrupção, aconteceu bem aqui no Largo da Carioca. No dia 5 de outubro de 2011, João Bernardi Filho, que trabalhava na fornecedora de equipamentos de petróleo Saipem, andava com R$ 100 mil em pleno Largo da Carioca. O dinheiro era uma propina a ser entregue para o então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. O que Bernardi não esperava é que seria roubado minutos depois de ter sacado na agência do Citibank, na Rua da Assembléia. Renato Duque, indicado para o cargo pelo ex-ministro da Casa Civil, receberia o pagamento por favorecer a Saipem em uma licitação da Petrobras, para a instalação de um gasoduto submarino.
Raquel Landim, repórter da Folha de São Paulo, contou o trajeto dos ladrões no Centro do Rio: “Já passava das 11 horas da manhã quando João Bernardi Filho deixou a agência do Citibank na rua da Assembleia, em frente ao Largo da Carioca, no centro do Rio. Da porta da agência, é possível avistar a sede da Petrobras, a torre do BNDES e o convento de Santo Antônio. (..) Bernardi cruzou o Largo da Carioca, passando diante de uma cabine da PM. Virou à direita, atravessou um portão, subiu degraus e caminhou em direção à entrada do BNDES. Bastava virar à esquerda e atravessar a passarela sobre a rua Chile para chegar à Petrobras. Mas seu caminho foi interrompido por Fernando Lourenço Lopes. (…) O jovem de 27 anos apontou uma pistola em direção ao executivo. Ele também rendeu o segurança do BNDES, que tentou reagir. O ladrão pegou a mala de Bernardi e correu. O ladrão olhou para trás e apertou o gatilho, mas a arma travou. Fugiu em direção à avenida Rio Branco e quase conseguiu escapar, mas foi atingido por um tiro na perna, disparado por outro PM. Quando o jovem caiu, R$ 47 mil do dinheiro que tinha roubado se espalharam pelo chão do Largo da Carioca. O restante desapareceu.’’
Fernando Lourenço foi condenado a nove anos de prisão em 2011 e fugiu quando conseguiu mudar para o semiaberto em junho de 2014. Duque foi para a cadeia quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Lava Jato, revelando uma esquema de corrupção na Petrobras. Já Bernandi foi preso em junho de 2015 e solto em outubro, após assinar acordo de delação premiada.