Reportagem do El País mostra como funcionava o esquema milionário de propina dentro da Caixa Econômica Federal, que tinha o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) como eixo central.
Em 2011, foi Cunha quem garantiu que Fabio Cleto, ex-vice-presidente de fundos de Governo e Loterias da Caixa, obtivesse o segundo cargo mais importante do banco público. ‘‘O executivo integrou, ao longo de quase cinco anos, o conselho curador do FGTS e também o comitê de investimentos FI-FGTS, um fundo atrelado à reserva compulsória a que os trabalhadores brasileiros têm direito. Usufruiu, ali, de um poder que seduzia corruptos e corruptores. Era ele quem decidia onde o segundo maior banco do Brasil deveria investir os bilhões do fundo para obter rentabilidade’’, explica a reportagem.
Eduardo Cunha é acusado de ter recebido R$ 52 milhões em propina no esquema, segundo delação de Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia. No final de 2015, Cleto entrou na mira da operação Catilinárias, da PF. Em meados de 2016, teve sua delação premiada homologada no Supremo Tribunal Federal. Nele, o executivo dá detalhes do esquema de propinas que envolveu grandes empresas e o fundo de investimento responsável pelos bilhões de reais do FGTS.Nesse cargo, ‘‘o homem de Cunha’’ tinha a função de indicar os projetos nos quais a Caixa, que assumiu todos os gastos da parceria público-privada (PPP) do Porto, deveria investir o dinheiro para fazer o fundo crescer. Mas, de acordo com as investigações, Cunha era quem tomava as decisões dos investimentos. Segundo a notícia, ‘‘ambos se reuniam semanalmente e Cunha determinava quem teria o dinheiro liberado, e recebia propina por isso. Cleto quebrava o sigilo que pressupunha seu cargo para passar ao deputado tudo que estava em tramitação. OAS, Odebrecht e a empresa Eldorado, do grupo JBS, são algumas das companhias que receberam recursos da Caixa para projetos de infraestrutura mediante pagamento de propina a Cleto e Cunha’’.