Olhe bem para esses casarões da esquina, na altura da rua Sacadura Cabral, 163. Esses casarões antigos guardam até o dia de hoje as marcas da reforma que o prefeito Francisco Pereira Passos fez no Rio de Janeiro no começo do século 20.
Observe essas verdadeiras ruínas urbanas e a história que elas têm para contar. Eles foram construídos numa época em que o prefeito, nomeado pelo presidente Rodrigues Alves , enterrou o passado do Rio, dentro da ideia de um novo país que os ventos da República e do fim da escravidão queriam trazer.
Passos mudou de forma radical o centro do Rio de Janeiro, entre 1902 e 1906. Para isso, inspirou-se em Paris, cidade que conheceu quando ainda era estudante. O centro do Rio era desordenado e não possuía avenidas grandes e nem saneamento. Passos fez uma rede de esgoto e abastecimento de água e ordenou a malha de circulação. Mas, ao mesmo tempo, demoliu centenas de casarões antigos, da época colonial, que serviam como cortiços nessa região. Foram derrubados prédios paralelos aos Arcos da Lapa, e o Morro do Senado foi demolido! No seu lugar está hoje a Avenida Mem de Sá.
Mas a principal marca da sua reforma foi a abertura da Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, com 1.800 metros de comprimento e 33 metros de largura. Para embelezar – e gentrificar – ainda mais a cidade, o prefeito promoveu um concurso de fachadas ao longo da Avenida Central, levando à estética que hoje muitos prédios têm aqui no centro.
A avenida era chique, com pedras portuguesas e árvores de pau-brasil no canteiro central. Foram erguidos prédios imponentes como a Biblioteca Nacional e o Theatro Municipal Tudo na para parecer Paris.