Abra os olhos e os ouvidos para perceber o que está na sua frente: uma loja de escravos! No fim do século 18, o Mercado do Valongo foi estabelecido pelo vice-rei, o marquês de Lavradio, para retirar esse triste comércio do centro da cidade.
“Minha decisão foi a de que, quando os escravos fossem desembarcados na alfândega, deveriam ser enviados de botes ao lugar chamado Valongo, que fica em um subúrbio da cidade, separado de todo contato, e que as muitas lojas e armazéns deveriam ser utilizados para alojá-los”, escreveu o marquês.
Em 1774 uma nova legislação levou o mercado para o Valongo, atual rua Camerino, organizando esse comércio – e, principalmente, afastando a triste visão dos demais moradores e visitantes da cidade.
As casas eram como depósitos de gente. Imagine isto: mulheres, crianças e rapazes, magros, ficavam sentados em bancos ou deitados no chão, acorrentados, esperando os compradores. Agora imagine que isso era normal, e essa rua era bastante movimentada, cheia de homens e senhoras da nobreza, bem vestidos, que vinham de todo o estado e de Minas Gerais comprar os seus servos. Ninguém estranhava. O Mercado do Valongo funcionou por mais de cem anos!
O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, apenas em 1888.