O bota-abaixo

Olhe para esse casarão, no número 203 da Rua Sacadura Cabral, e imaginem seus moradores vendo sua cidade mudar completamente no comecinho do século 20.

Entre 1903 e 1906, a reforma do prefeito Pereira Passos agradou ao presidente e à elite, mas deixou indignados os milhares de moradores da área central – descendentes de escravos, estivadores, imigrantes pobres, os primeiros sambistas. São conflitantes as informações sobre o número de prédios antigos que foram destruídos para alargar avenidas como a Rua da Vala, atual Uruguaiana, e  construir a Beira Mar, e fazer obras de saneamento. Não demorou muito e a reforma ganhou um apelido popular, o “Bota-Abaixo”.

Por exemplo, na segunda-feira de 13 de junho de 1904, o Jornal do Brasil trazia um curioso anúncio cujo título era, em letras garrafais, “A revolta”. Dizia:

  • Casa Adelino Barateiro – Espanto Geral pela Final liquidação da Revolta Comercial
  • Fazendas e Novidades por todo o preço para a entrega do prédio, por estar incluído no “bota-abaixo” para o alargamento desta Rua.
  • Rua da Uruguaia, 67

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