No dia 26 de junho de 1968, cerca de 100 mil pessoas, em sua maioria estudantes, ocuparam as ruas do centro do Rio de Janeiro. A Passeata dos Cem Mil foi o protesto mais importante contra a ditadura militar até então, reunindo também intelectuais, artistas, padres e mães. A manifestação começou com um ato na Cinelândia que pedia a libertação de estudantes presos, o fim da censura, a restauração das liberdades democráticas e uma postura do governo em relação aos problemas estudantis.
A reportagem do Jornal do Brasil relata que o líder estudantil Vladimir Palmeira fez um discurso para lembrar a morte de Édson Luís, em frente à igreja da Candelária, onde havia ocorrido a missa de sétimo dia do estudante morto pela ditadura militar em março do mesmo ano. ‘‘[Vladimir] esperou cerca de 15 minutos para que o restante da passeata, que ainda caminhava pela Avenida Rio Branco, atingisse a Candelária. No segundo discurso, ele falou por 10 minutos. […] Iniciando seu discurso, ele disse que ‘êste lugar tem significado especial, porque aqui houve a missa por Édson Luís. Não era a missa por um morto comum, representava o protesto contra a repressão da cavalaria. Abrindo a segunda manifestação de hoje’ – prosseguiu Vladimir Palmeira – ‘damos uma prova da força, mas ninguém se iluda: somos fortes suficientemente para tomar a Candelária, mas infinitamente pobres para tomar o poder’”, concluiu o estudante.