Perimetral

A avenida Perimetral é um dos fantasmas que habitam o centro. Inaugurada em 1960 pelo presidente Juscelino Kubitschek e novamente em junho de 1978 pelo general Ernesto Geisel, durante a ditadura militar, não há hoje nenhuma placa lembrando a sua existência.

Por 55 anos, ela cortou a vida da cidade ao meio, descaracterizando uma região de inestimável valor histórico, degradando e enchendo de fumaça e barulho o antigo porto do Rio, o Paço Imperial e a Praça Mauá. Apelidada de “monstrengo”, sua forma aterrorizante proporcionava uma ligação direta à avenida Brasil, que corta 26 bairros das zonas norte e oeste, os dois aeroportos e ainda a Ponte Rio-Niterói, desafogando o tráfego de quem vinha da zona norte, dos municípios vizinhos e, sobretudo, do centro.

Quando foi demolida, em 2015, abriu um grande clarão que depois virou o famoso “Boulevard Olímpico”, reformado para a Olimpíada de 2016.

A demolição da Perimetral abriu espaço para a revitalização da área portuária e, também, para a gentrificação, processo de expulsão dos moradores mais pobres, que já não conseguem pagar pela moradia na região. Por isso, muitos antigos habitantes têm saudade dela. “A gente sentava na beira e ficava vendo a paisagem. Era uma tranquilidade”, diz o morador Jailson Lourenço da Costa.

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