“Começou ontem o movimento dos operários a favor da greve geral. A polícia interveio, com o objetivo de impedir que algumas fábricas tivessem seu movimento paralisado. Logo depois, eram espalhados boatos alarmantes de que os operários anarquistas planejavam uma revolução, estando, para isso, fortemente municiados”, diz a notícia do jornal O Imparcial de 19 de novembro de 1918.
O jornal referia-se à Insurreição Anarquista, planejada por operários organizados desde as primeiras décadas do século 20. O objetivo da insurreição era derrubar o Estado e instaurar uma sociedade autogestionada a partir de organizações descentralizadas e sindicatos operários nos moldes do anarcossindicalismo. Greves gerais dos operários já haviam ocorrido em 1917 – ano da Revolução Russa – e em agosto de 1918. Nos meses de setembro e outubro daquele ano, continuariam os conflitos entre operários e policiais nas ruas do Rio de Janeiro, até que na manhã do dia 18 os trabalhadores declararam greve nas fábricas de Niterói, Petrópolis, Magé, Santo Aleixo e Rio de Janeiro.
Apesar da grande organização, a tentativa de derrubada do poder não deu certo. O tenente Jorge Elias Ajuz, que participava do movimento, na verdade atuava como um espião e agente provocador. Assim, os principais articuladores foram presos e deportados para outros estados brasileiros. ‘‘Este movimento dos operários era conhecido e esperado. Infelizmente, porém, não se revestiu de um caráter inteiramente pacífico. Houve sérias consequências a lamentar, talvez, devido à ação das autoridades policiais, que se precipitaram em sua ação, efetuando prisões a torto e a direito, utilizando da maior violência, trancafiando no xadrez todo aquele que julga responsável pela situação, sem atender à sua condição social. Foi o que se deu ontem com o professor Oiticica, que, antes de ser transferido para a Brigada Policial, esteve encarcerado nas enxovias do palácio da rua da Relação’’, concluiu o jornal.