Abra os olhos, pois esta pedra presenciou o surgimento de uma das grandes tradições religiosas brasileiras. Entre outros terreiros, aqui na área da Pedra do Sal nasceu, na década de 1886, o terreiro de candomblé mais antigo do Rio, o Ilê Axé Opô Afonjá. Dois anos antes do fim da escravidão.
A fundadora foi Eugênia Ana dos Santos, a Mãe Aninha. Descendente de africanos e devota de Xangô, ela nasceu em Salvador em 13 de julho de 1869. Aos 17 anos, veio da Bahia e fundou sua casa no Santo Cristo, segundo o projeto Passados Presentes e a historiadora Maria Clementina Cunha.
Mãe Aninha permaneceu no Rio de Janeiro até a primeira década, quando retornou a Salvador, onde instalou, em 1910, outro terreiro de mesmo nome, um dos mais antigos da cidade. O seu terreiro no Rio continuou funcionando, comandado por uma de suas filhas de santo. Foi transferido na década de 1940 para o bairro de Coelho da Rocha, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ainda está em funcionamento.
No entanto, Mãe Aninha não é lembrada nos livros de história como a liderança religiosa fundamental que foi, tanto na Bahia quando no Rio de Janeiro. Por isso, o fantasma do seu primeiro terreiro segue vagando por aí, esperando quem pare para ouvir essa bonita história.